A aventura de um lamecense perdido em terras andinas!
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2007
Adeus Santiago!
Falta pouco, uns dias, para deixar para traz a cidade do Smog eterno, o "balde", a cidade dos cerros e dos fins de semana desertos. Nada do que esperava dela bom ou mau se concretizou, por isso quase tudo foi uma surpresa. Até eu fui uma surpresa para mim próprio.
Não vivi em muitos sítios diferentes e é fácil de perceber que viver em Lamego, no Porto (nem é bem no Porto é em S.Mamede :) ) e em Santiago não é comparável.
Mas para mim é um mau pensamento, imaginar que teria de viver outra vez numa cidade assim. Por culpa de Santiago? Não sei bem, penso que não. Acho que é mesmo por causa da minha maneira de ser. Há relações assim, simplesmente não há relação possível, por culpa de ambos, ou por culpa de um dos dois, não há muito a fazer.
Cheguei a pensar e desejar ficar por cá mais tempo. As circunstâncias não quiseram, apesar de eu ter feito tudo ao invés das circunstâncias. Isso faz de mim provavelmente uma pessoa com sorte. Intransigente mas com sorte.
Gostava de ter gostado mais de cá estar. Gostava de ter vivido e aprendido mais, gostava de ter amado e odiado mais a cidade. Mas no fim sinto só pena. Pena por todos os que escolhem viver uma vida básica e medíocre, sem procurar algo mais. Pena por não conseguir entender que tipo de vida é esta, em que nada se quer e nada se dá, em que nem sequer é possível encontrar encanto em simplesmente ver o tempo a passar.
E principalmente medo, por não me conseguir adaptar, moldar a este ambiente. O homem instintivamente adapta-se ao meio ou tenta adaptar o meio a ele próprio. Eu definitivamente falhei instintivamente.
Alguém me disse algo que tantas vezes pensei durante estes meses. Como não consigo adaptar-me a uma cidade de hábitos tão parecidos com os meus. " Não me apetece sair, não me apetece fazer... invento uma desculpa e assim não tenho de ir....." PorquÊ? Definitivamente não gosto de reflexos do pior que há em mim, logo o desafio estava perdido à partida porque ninguém ia ganhar nada.
Há uns dias ofereceram-me uma placa que diz assim "Por querer lo mejor, casi me pierdo lo bueno". É uma boa frase, diz muito sobre a forma como os meus 26 anos têm decorrido. Fala muito de mim, mais até do que provavelmente a pessoa que ma ofereceu imagina ou pode entender.
Mas Santiago é diferente... Já há alguns anos tenho abdicado do melhor, era demais para mim abdicar do bom também, em favor do básico e do medíocre. Não posso nem quero, nem consigo. Não dá. O que me faz mover É a ideia de algo mais, não a de mais do mesmo.
Por isso só digo adeus Santiago, y que te vaya bien!
De miguel a 19 de Dezembro de 2007 às 14:59
Gostei de ler. Fez-me pensar também.
Abraço, e bom regresso
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