A aventura de um lamecense perdido em terras andinas!
Sexta-feira, 1 de Junho de 2007
1. La Infinita Tristeza
Está frio, muito frio. O smog anda tão denso que se torna difícil ver o sol e os olhos ardem-me quando saio à rua. Santiago está cada vez mais oprimida, mais triste, cheia de gente que se esmaga nos transportes públicos, mas ao mesmo tempo vazia.
Vazia de alma, vazia de espírito....
É uma metrópole de 6 milhões de habitantes, mas então porque parece assim tão oca, tão seca e dura? Pode ser que seja de mim, mas não creio, desta vez acho que não. É verdade que as cidades grandes nunca me agradaram, mas esta.... Há algo de demasiado errado, de demasiado estrago, de demasiada tristeza!
É preciso vivê-la para senti-la, é preciso senti-la para doer. Se calhar deixei demasiadas coisas em Portugal, se calhar é a falta dessas coisas que me faz sentir este vazio de uma forma tão forte. Mas não consigo deixar de ter pena, de toda esta gente que passa ao lado da vida, dia após dia, sem ter a noção do que está a perder.... resignada, distante, triste....
Pouco tempo depois de ter chegado, comecei a pensar que esta não era a América Latina que pensava encontrar, que toda a gente me falava. Agora não sei o que pensar... é como se por um pouco mais de conforto, tivessem perdido a alma.
Não tenho a pretensão de perceber o que é viver aqui, e ser daqui. Pode até ser que esteja completamente errado. Mas não quero, nem posso deixar-me contagiar por tudo que sinto à minha volta. É demasidado vazio e triste.
Não sei se tenho o dom da palavra suficiente para explicar esta sensação, mas se puderem passem os olhos, pelos filmes: Diários de Motocicleta (a parte da viagem no chile) e Machuca. Depois de lerem o que escrevi.... A tristeza que vos falo, está lá!